Alternativas Fitoterápicas e Nutricionais para Suporte Hormonal Seguro e Eficaz: Uma Abordagem para a Prática Biomédica
Drª
DENISE BRAGA PhD – Biomédica, Tricologista
INSALLUS Centro de Terapia Capilar e
TreeBios - Centro de Diagnostico Biofísico
Resumo
Diante das limitações legais impostas ao uso de hormônios
e seus precursores por profissionais da biomedicina, cresce o interesse por
alternativas fitoterápicas e nutricionais que possam modular o eixo hormonal de
forma segura e eficaz. Este artigo revisa os principais compostos naturais com
evidência científica para suporte ao equilíbrio hormonal, especialmente em
relação à produção de testosterona, DHEA, cortisol e outros hormônios
esteroides. São abordadas substâncias adaptógenas, minerais essenciais, vitaminas
cofatoras e extratos vegetais com ação sobre o sistema endócrino-adrenal. A
proposta visa apresentar estratégias que respeitam os limites éticos e legais
da atuação biomédica, com foco em segurança, eficácia e embasamento científico.
1. Introdução
A modulação hormonal é uma demanda crescente na prática
clínica, especialmente diante do aumento de quadros como fadiga adrenal,
desequilíbrios sexuais, resistência insulínica e disfunções tireoidianas.
Contudo, os biomédicos enfrentam restrições éticas e regulatórias quanto à
prescrição de hormônios bioidênticos ou sintéticos. Nesse cenário, alternativas
naturais ganham destaque, sobretudo aquelas que atuam indiretamente na produção
hormonal, por meio do suporte às glândulas endócrinas, ao metabolismo mitocondrial
e à redução do estresse oxidativo.
Fitoterápicos como o feno-grego, a ashwagandha, o
tribulus terrestris e a mucuna pruriens, aliados a nutrientes como magnésio,
boro e vitaminas do complexo B, demonstram eficácia clínica na promoção do
equilíbrio hormonal sem fornecer hormônios exógenos.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Fitoquímicos com Ação Endócrina Indireta
Estudos demonstram que plantas medicinais com
propriedades adaptógenas podem modular o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA)
e o eixo gonadal. A ashwagandha (Withania somnifera), por exemplo, tem sido
associada à redução dos níveis de cortisol e melhora na biodisponibilidade da
testosterona livre【1】. O
tribulus terrestris, embora não contenha testosterona, parece estimular a
liberação de LH, favorecendo a produção hormonal endógena【2】.
Já o feno-grego (Trigonella foenum-graecum) é rico em
saponinas esteroidais que podem atuar na síntese natural de andrógenos e DHEA【3】.
2.2 Aminoácidos e Precursores Dopaminérgicos
A Mucuna pruriens contém L-Dopa, um precursor natural da
dopamina, com implicações importantes na regulação do humor, libido e função
hormonal【4】. Ao modular neurotransmissores
centrais, essa planta contribui indiretamente para o eixo hormonal por meio do
sistema nervoso central.
2.3 Vitaminas e Minerais como Cofatores Hormonais
Nutrientes como o ácido pantotênico (vitamina B5) e a
vitamina B6 (na forma ativa P-5-P) são essenciais na síntese de hormônios
esteroides e neurotransmissores. O magnésio, por sua vez, participa de mais de
300 reações enzimáticas, incluindo as relacionadas à produção de testosterona【5】.
O boro, embora menos discutido, mostrou-se capaz de
reduzir os níveis de globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG),
aumentando a fração livre de testosterona【6】.
3. Discussão
A combinação de adaptógenos, antioxidantes e cofatores
nutricionais oferece uma abordagem eficaz e segura para pacientes que
apresentam sintomas de desequilíbrios hormonais leves a moderados. Além de
respeitar o escopo legal da prática biomédica, essas estratégias atuam na causa
raiz de muitos distúrbios hormonais: disfunção adrenal, inflamação sistêmica,
estresse crônico, déficit de micronutrientes e sobrecarga mitocondrial.
É importante destacar que esses compostos não substituem
terapias hormonais quando estas são clinicamente indicadas, mas representam uma
ponte terapêutica viável para casos onde tal prescrição não é possível ou
desejada.
A individualização da prescrição, com base na avaliação
clínica e laboratorial, é essencial para maximizar os benefícios e evitar
riscos. Além disso, o uso racional de fitoterápicos requer conhecimento técnico
sobre interações medicamentosas, efeitos adversos e contraindicações
específicas.
4. Conclusão
As alternativas fitoterápicas e nutricionais representam
ferramentas valiosas na prática clínica biomédica, especialmente no contexto de
suporte hormonal. Plantas como o feno-grego, a ashwagandha, o tribulus
terrestris e a mucuna pruriens, associadas a minerais como magnésio e boro, e
vitaminas do complexo B, oferecem resultados significativos com segurança,
desde que devidamente indicadas e acompanhadas.
Ao adotar tais estratégias, o biomédico amplia sua
capacidade terapêutica, respeitando os limites legais da profissão e promovendo
saúde integral com base em evidências científicas.
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